09/02/2017


A miúda das tranças


Fiquei à espera que ela passasse, na passadeira.
De longas tranças, gorro na cabeça, desfilou com ar descontraído, de bem com a vida.

Recordei-me do tempo em que, pela manhã, a minha mãe me ajeitava as minhas. Como eu odiava aquelas tranças.
Saía para a rua com vontade de as esconder, dentro do casaco. Mais ninguém tinha cabelo tão comprido. 

As minhas amigas usavam cabelo curto e a minha mãe insistia que o meu cabelo era demasiado bonito para ser cortado.
Não me sentia bem e demonstrava. Ao demonstrar que não me sentia bem era gozada.

Por breves instantes, tive inveja daquela miúda, das suas tranças, da sua atitude, da sua maneira de estar na vida, e, pensei:
- Se fosse hoje seria assim, como ela, de bem com a vida, de tranças, vaidosa.

A atitude faz toda a diferença.
É muito bom saber estar.