10/10/2015


Dia de chuva





























A chuva veio, de mansinho, durante a noite.
Tivemos sorte, entranha-se nas fendas abertas, da terra ressequida, pelo calor do verão. 
Surgiu como se fosse música de embalar, cantarolando nas janelas e nos telhados.
A primeira chuva de outono veio para matar a sede dos campos e purificar o ar.

Absorva este acontecimento que se renova em cada ano mas que se apresenta, sempre, de maneira tão diferente.
É gratificante ver a expressão, de espanto, de uma criança quando observa, pela primeira vez, a água que vem do céu. 
É engraçado ver a atitude de um animal que sai à rua e sente a chuva.
É engraçado observar as expressões das pessoas que afastam os cortinados, e, umas satisfeitas outras não tanto, esboçam sorrisos, rogam pragas ou ficam sem ação.

Aproveite estes momentos de magia e atreva-se a não fazer mais nada do que apreciar este acontecimento.
Deixe de lado a roupa que não vai conseguir secar.
Deixe de lado a dificuldade acrescida de sair de casa.
Deixe de lado as atividades dos miúdos. Eles vão gostar de ficar em casa, enroscados no sofá, a "curtir" o momento.
Coloque a mão de fora, da janela ou da porta, e, sinta a água. 
Atreva-se a molhar o rosto. Respire fundo, uma, duas, três vezes. Descontraia-se. 

Afinal, é só um dia de chuva.