12/10/2015



Atitudes



Cada vez se ouve, com mais frequência, a expressão:
- Qualquer dia, perco a cabeça e faço uma asneira.
Essa asneira é quase uma ameaça. Geralmente, não se destina à própria pessoa mas sim a uma terceira. Pode ser a interlocutora ou uma outra qualquer. Pode ou não ser culpada.
Preocupante é que, muitas delas, nestes últimos tempos, têm passado da palavra à ação, da ameaça ao acontecimento.
Fazer ouvir a sua palavra à força, com uso de armas e reféns, exigindo e impondo vontades, provocando medo e pânico, põe a descoberto a fragilidade de serviços, entidades e trabalhadores.
As condições de trabalho não foram, nem costumam ser, devidamente avaliadas. Os serviços são colocados onde existe espaço disponível para esse efeito.
As situções acabam por, mais tarde ou mais cedo, cair no esquecimento da população em geral, de quem orienta, de quem comanda mas nunca sairá da memória daqueles que vivenciaram o momento.
Não vamos discutir de que lado está a razão porque isso nem tem discussão.
É muito difícil essa abordagem porque o verdadeiro problema poderá ter surgido na infância do ameaçador, quem sabe?
Tal como num divórcio, quando as coisas acontecem, vamos concordar, a culpa é de ambas as partes.
Vamos pensar, para não culpar ninguém, em particular, que a culpa é da Sociedade, em geral. E, Sociedade somos todos nós.
Embora não existam justificações nem desculpas para determinadas atitudes, o que importa retirar, como ensinamento ou aprendisagem, é que a mente humana está doente, gasta, sem paciência, sem objetivos, sem compreensão, sem respeito...
Quem está do outro lado, do lado dos serviços, do lado das pessoas que se consideram normais, não pode facilitar, não pode demonstar um sentimento errado, não pode demonstrar a sua avaliação pessoal. Está alí para resolver um problema.
Os comentários que se fazem, nem sempre, são abonatórios das pessoas a quem nós chamamos de vítimas. 
Quem acede aos serviços queixa-se de prepotência e má utilização do poder ou dos poderzinhos que lhes são dados.
Existem maneiras e caminhos piores ou melhores de orientar situações complicadas.
A maneira como se fala, como se trata um caso pode ditar a sina de quem está nesse serviço ou a sina de quem o procurou.
Tentemos ser mais humanos. Humanos para o bem.
Deixemos de lado estatísticas, deixemos de lado objetivos quantitativos, em relação a atendimentos, e, passemos a valorizar a solução do problema, sem julgamentos pessoais.
Mudemos atitudes. 
Mudemos orientações, mesmo devagar...